Estilo
Você já ouviu alguém dizer que cada pessoa tem uma maneira diferente (estilo) de escrever? Paulo Mendes Campos, já falecido, que foi um dos maiores cronistas brasileiros, era um grande estilista.
Veja, a seguir, alguns textos deliciosos e imperdíveis!
ESTILO NÉLSON RODRIGUES
Usava gravata cor de bolinhas azuis e morreu!
ESTILO INTERJETIVO
Um cadáver! Encontrado em plena madrugada! Em pleno bairro de Ipanema! Um homem desconhecido!
Coitado! Menos de quarenta anos! Um que morreu quando a cidade acordava! Que pena!
ESTILO COLORIDO
Na hora cor-de-rosa da aurora, à margem da cinzenta Lagoa Rodrigo de Freitas, quem via de cor preta encontrou o cadáver de um homem branco, cabelos louros, olhos azuis, trajando calça amarela, casaco pardo, sapato marrom, gravata branca com bolinhas azuis. Para este o destino foi negro.
ESTILO PRECIOSISTA
No crepúsculo matutino de hoje, quando fulgia solitária e longínqua a Estrela-d´Alva, o atalaia de uma construção civil, que perambulava insone pela orla sinuosa e murmurante de uma lagoa serena, deparou com a lúrida visão de um ignoto e gélido ser humano, já eternamente sem o hausto que vivifica.
ESTILO SEM JEITO
Eu queria ter o dom da palavra, o gênio de Rui e o estro de um Castro Alves, para descrever o que se passou na manhã de hoje.
Mas não sei escrever, porque nem todas as pessoas que têm sentimentos são capazes de expressá-los.
Mas eu gostaria de deixar, ainda que sem brilho literário, tudo aquilo que senti. Não sei se cabe aqui a palavra sensibilidade. Provavelmente não.
Talvez seja uma tragédia. Não sei escrever, mas o leitor poderá perfeitamente imaginar o que aconteceu.
Triste, muito triste. Ah, se eu soubesse escrever.
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